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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Israel renova pressão por linha vermelha e sanções ao Irã


Getty
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, usou seu discurso na Assembleia Geral da ONU, nesta quinta-feira, para voltar a pressionar por uma "linha vermelha" de limite ao programa nuclear iraniano e por mais sanções ao país persa.
Em uma fala vista como "teatral", pouco convencional e que virou viral nas redes sociais, Netahyahu chegou a apresentar à plateia o desenho de uma bomba no qual riscou uma linha vermelha, indicando, segundo ele, o estágio do qual o Irã estaria se aproximando.
O desenho visava mostrar que, em algum ponto do ano que vem, o Irã supostamente terá urânio enriquecido suficiente para fabricar uma bomba atômica e que a única forma de impedir isso é impondo um limite ao programa iraniano.
"Acho que, diante de uma linha vermelha clara, o Irã recuará. E isso dará mais tempo para sanções e para a diplomacia convencer o país a desmontar seu programa de armas nucleares", afirmou o premiê israelense. "Linhas vermelhas não levam à guerra, linhas vermelhas evitam a guerra."
Oficialmente, o Irã nega que seu programa nuclear busque a construção da bomba e afirma que este tem apenas fins energéticos e medicinais. Mas Israel sente-se ameaçado pelo programa iraniano e afirma que o país persa está perto da bomba. Nos últimos meses, especulou-se que Israel estaria planejando atacar instalações nucleares iranianas.
Para alguns analistas, o fato de Israel ter pressionado pela imposição de uma "linha vermelha" até o ano que vem demonstra que o país estaria disposto a alvejar o Irã após essa data; outros, porém, destacaram que Netanyahu frisou "sanções e diplomacia" em sua fala.
"Para os que se alarmavam com a perspectiva de um potencial ataque israelense contra o Irã, houve algum alento na fala de Netanyahu", opinou o analista diplomático da BBC Jonathan Marcus. "Ele parece acreditar que ainda há tempo para conter o Irã com sanções e pela via diplomática."
O discurso de Netanyahu na ONU ocorreu no mesmo dia em que o jornal israelense Haaretz divulgou um relatório interno da Chancelaria de Israel pedindo por uma nova rodada de sanções contra o Irã.
Segundo o relatório, as restrições econômicas internacionais já em vigor têm tido um profundo efeito na economia do país persa e podem até desestabilizar o governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad. No entanto, seriam insuficientes para persuadir Teerã a suspender suas atividades nucleares.
Na avaliação do jornal The New York Times, o relatório confirma que Israel admite haver tempo e chance de conter as ambições nucleares do Irã por outros meios que não o militar.
Ao mesmo tempo, o correspondente da BBC James Robbins explica que o objetivo do discurso de Netanyahu nesta quinta era convencer o presidente Barack Obama de que os EUA devem estar preparados para atacar as usinas nucleares iranianas até o prazo máximo estabelecido pelo premiê israelense, ou mesmo antes disso. O argumento é de que seria muito arriscado deixar essa decisão para quando o Irã estiver mais perto da bomba.
No entanto, o governo americano tem rejeitado até o momento o estabelecimento de "linhas vermelhas". E, se estabelecesse esse limite, possivelmente não seguiria o calendário de Netanyahu.
O premiê israelense, ainda assim, fez referências positivas a Obama em seu discurso, agradecendo o fato de o presidente americano ter dito, na véspera, em seu próprio discurso perante a ONU, que fará "tudo em seu poder" para impedir que o Irã obtenha a bomba.
"Talvez seja a percepção de que a antipatia entre os dois líderes (Netanyahu e Obama) estava tomando proporções danosas", opina Jonathan Marcus. "E um indicativo de que, ainda que prefira o candidato republicano à Presidência dos EUA, Mitt Romney, Netanyahu está se preparando para uma possível reeleição de Obama."
Netanuahy pouco falou sobre o conflito israelense-palestino em seu discurso - evidência de que o estacionado diálogo bilateral de paz segue ofuscado pela questão iraniana e pelos demais conflitos derivados da Primavera Árabe.
Antes de Netanyahu, porém, falou perante a ONU o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. Ele criticou o que chamou de "política de privação e limpeza étnica" promovida por Israel contra os palestinos. Disse falar "em nome de um povo raivoso" e que anseia por mudanças.
Abbas defendeu a solução de dois Estados, afirmando que que "dois povos devem coexistir, cada qual com seu Estado, na Terra Santa".

Fonte: bbc

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Britânicos buscam virada 'histórica' em relações com Brasil


William Hague e Antonio Patriota (Foto AP)
Houve um tempo - entre o século 19 e início do século 20 - que empresários britânicos desembarcavam no Rio de Janeiro com cartas geográficas brasileiras debaixo do braço e repletos de ideias para cortar o País de cima a baixo com ferrovias projetadas em Londres.
Demorou um século para a Grã-Bretanha voltar a enxergar o Brasil no mapa, mas, agora, interessados em usar os negócios com países emergentes como uma das alavancas para tentar sair da crise econômica, o governo e as empresas do país se dizem decididos a reverter - e rápido - o que o chanceler britânico William Hague definiu como os anos de "negligência" nas relações bilaterais.
É essa a promessa do primeiro-ministro britânico, David Cameron, que desembarca em São Paulo nesta quinta-feira para uma visita de dois dias ao Brasil. Cameron se encontrará com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília, e terminará a viagem no Rio de Janeiro.
Entre os temas a serem tratados na visita, estão as relações econômicas bilaterais, a cooperação para a organização dos Jogos Olímpicos no Rio e o programa Ciência sem Fronteira.
Ela ocorre em um momento em que as empresas britânicas aumentam seus investimentos no Brasil, em parte por terem identificado oportunidades de negócios por iniciativa própria, mas também em função do empurrão diplomático que a relação entre os dois países vem recebendo nos últimos anos, como nota Anthony Pereira, diretor do Instituto Brasileiro do King's College. Para ele, as iniciativas de aproximação bilateral têm motivações tanto econômicas quanto políticas.
"Os britânicos estão investindo nas relações com os países emergentes, e, nesse grupo, o Brasil é identificado como o que tem valores mais próximos aos da Grã-Bretanha - é uma economia de mercado com uma cultura ocidental", disse Pereira à BBC Brasil.
"Além disso, também é interessante para os britânicos ter um interlocutor na América Latina em um momento em que as relações estão tensas com países como a Argentina (por causa das Ilhas Falkland/Malvinas)", completa, fazendo a ressalva de que isso não quer dizer que o Brasil estaria disposto a virar um "garoto de recados" da Grã-Bretanha.
Logo após assumir o poder, em 2010, o governo Cameron listou o Brasil como um dos países com os quais a Grã-Bretanha precisa reforçar seus laços. Desde então, representantes britânicos, entre eles Hague e o Príncipe Harry, fizeram mais de 30 viagens para a América Latina, sendo o Brasil seu principal destino.
O vice-premiê Nick Clegg visitou o País no ano passado - acompanhado de 40 empresários de setores como infraestrutura, petróleo e gás, serviços, biotecnologia, construção e energia. Na época, defendeu que os dois países deveriam voltar "ao século 19 para recuperar as bases de uma relação mais sólida" em uma declaração polêmica, pelo que alguns interpretaram como uma certa nostalgia com os anos do Império Britânico.
As relações hoje certamente são menos assimétricas do que no século 19, como ressalta Pereira. A Grã-Bretanha está metida na sua pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial e aposta nos negócios com economias emergentes para reativar sua economia. "Eles são os mais interessados na aproximação", diz o especialista.
A cooperação também ganhou impulso durante a Olimpíada de Londres, em julho, quando autoridades brasileiras foram convidadas para observar todos os aspectos da organizações dos jogos - uma iniciativa que teve um desdobramento polêmico com a notícia de que funcionários brasileiros foram demitidos por terem coletado de forma indevida informações que seriam confidenciais.
Mas para Martin Raven, ex-cônsul britânico em São Paulo que hoje fornece consultoria para empresas interessadas em investir no mercado brasileiro, mais do que uma opção de governo, o maior foco nas relações com o Brasil é consequência da crise global e da evolução do cenário político e econômico do País.
Para ele, voltar-se para o Brasil e para outros emergentes foi uma decisão natural tendo em vista a redução do crescimento de economias europeias e dos EUA.
Antes de Cameron, a administração trabalhista já havia dado alguns passos para avançar na integração. Tony Blair foi o primeiro chefe de governo britânico a visitar o Brasil em 2001. E, em 2006, os dois países formaram o Comitê Econômico e de Comércio Conjunto (JETCO na sigla em inglês).
"O interesse britânico cresceu porque, nos últimos anos, as opções de investimentos em outros lugares foram reduzidas, ao mesmo tempo em que o Brasil adquiriu mais estabilidade política e econômica e aprimorou seus marcos regulatórios", diz Raven.
Ed Hudson, diretor-executivo da consultoria Ernst & Young, que recentemente coordenou um estudo sobre os negócios britânicos no Brasil, concorda.
"No longo-prazo, o crescimento da classe média de países emergentes será um dos motores da economia mundial, então, é nesses mercados que as empresas britânicas precisam investir se quiserem sobreviver", diz, lembrando a recessão em que o país está mergulhado.
Nem as revisões para baixo nas estimativas sobre a expansão do PIB brasileiro em 2012 afetaram o entusiasmo britânico com o Brasil, segundo John Doddrell, Consul Geral da Grã-Bretanha em São Paulo e diretor no Brasil da agência de comércio e investimentos britânica (UKTI na sigla em inglês).
"As autoridades e empresários britânicos estão interessadas em fortalecer as relações não só no curto, mas, principalmente, no longo prazo", disse Doddrell, explicando que o objetivo é mesmo promover uma virada "histórica" nas relações. "Por muitas décadas, as atenções da Grã-Bretanha estiveram voltadas apenas para a Europa, EUA e países da Commonwealth, mas, agora, isso está mudando."
Para o brasileiro Eric Striegler, economista do HSBC em Londres, o interesse britânico também sobreviveu ao reajuste de expectativas sobre o crescimento do PIB brasileiro por causa da performance de algumas áreas. "Setores como petróleo e gás, por exemplo, estão crescendo mais que o resto da economia e têm ótimas perspectivas no longo prazo", explica.
Para Pereira, há na Grã-Bretanha o reconhecimento de que o país perdeu muitas oportunidades de negócios no mercado brasileiro para competidores como a Espanha, Alemanha e França. "Agora, os britânicos estão correndo para alcançar esses europeus e, de quebra, também atrair investidores brasileiros para Londres", explica.

Fonte: BBC

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Deputados uruguaios aprovam projeto de lei que descriminaliza o aborto


A Câmara dos Deputados do Uruguai aprovou na noite desta terça-feira (25) o projeto de lei que descriminaliza o aborto durante as primeiras 12 semanas de gestação, sob certas condições.
O projeto, aprovado após quase 14 horas de intenso debate, recebeu 50 votos a favor e 49 contra, e será analisado agora pelo Senado.
Inspirado na legislação de países europeus, o texto prevê a descriminalização da interrupção da gravidez desde que a mulher manifeste o desejo de abortar diante de uma equipe de ao menos três profissionais, após estar ciente dos riscos, das alternativas e dos programas de apoio à maternidade e à adoção.
Após a entrevista, a candidata ao aborto deverá aguardar cinco dias para confirmar sua decisão e interromper a gravidez.
O processo é dispensado quando a gravidez implica em grave risco para a saúde da mulher, quando há má-formação do feto incompatível com a vida fora do útero e quando ocorreu estupro; dentro do prazo de 14 semanas de gestação.
O projeto substitui uma iniciativa aprovada em dezembro de 2011 no Senado promovida pelo partido do governo, a Frente Ampla (FA), que foi barrada na Câmara de Deputados.
O texto votado nesta terça voltará ao Senado, dominado pelos governistas.
Mais cedo, um grupo de mulheres se manifestou na frente do Parlamento uruguaio, algumas delas completamente nuas e com seu corpo coberto apenas com uma pintura laranja, em protesto contra partes do projeto de descriminalização do aborto.
As mulheres do movimento Mulher e Saúde no Uruguai (MYSU, na sigla em espanhol) desceram de um ônibus e protestaram perante o olhar atento dos transeuntes e dos meios de comunicação que se aglomeraram diante da cena, e permaneceram ali durante vários minutos apesar das baixas temperaturas em Montevidéu.
Segundo explicou Marta Aguñín, uma das porta-vozes da organização, o protesto se justifica porque a norma debatida pelos deputados não recolhe nenhum dos pedidos das organizações pró-aborto e "nem contempla nem defende muitos direitos das mulheres".
Desde que o conteúdo do projeto ficou conhecido, organizações que defendem o aborto mostraram seu profundo descontentamento. Entre outros adjetivos, elas definiram como "humilhante" que as mulheres tenham que submeter-se "a um tribunal" para explicar por que querem abortar, sem que, além disso, se legalize a prática em sua totalidade.
Na sexta-feira passada, uma enquete realizada pela empresa de consultoria Numero mostrou que 52% da população do Uruguai é a favor da descriminalização do aborto, 34% contra e 14% não se pronuncia.
Apesar de estar penalizado pela lei, no Uruguai acontecem 30 mil abortos por ano segundo números oficiais. Esse número chega a duplicar nas estimativas de organizações defensoras dos direitos das mulheres.

Fonte: Folha

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Na ONU, Dilma contesta países ricos e defende diálogo para Síria

Em discurso na ONU, Dilma Rousseff pediu cooperação e diálogo para lidar com a crise síria

Em seu discurso de abertura da 67ª Assembléia Geral das Nações Unidas, em Nova York, nesta terça-feira, a presidente Dilma Rousseff rebateu as críticas de que os países em desenvolvimento estejam praticando protecionismo comercial. Dilma também criticou a possibilidade de uma intervenção militar na Síria, país às voltas com uma sangrenta guerra civil há 18 meses.
"Não podemos aceitar que iniciativas legítimas de defesa comercial por parte dos países em desenvolvimento sejam consideradas [como] protecionismo", disse a presidente.
A fala é uma referência a iniciativas, como a brasileira, de elevar recentemente as alíquotas de importação de uma centena de produtos.
Dilma chamou a prática de "defesa comercial" e defendeu o seu emprego como uma resposta das economias emergentes ao chamado "tsunami monetário", a emissão de dinheiro pelos países ricos para combater a crise econômica. "Os bancos centrais dos países desenvolvidos persistem em uma política monetária expansionista que desequilibra as taxas de câmbio", disse. "Com isso, os países emergentes perdem mercado devido à valorização artificial de suas moedas, o que agrava ainda mais o quadro recessivo global."
Além da crítica às emissões maciças de dinheiro, a presidente também criticou as medidas duras de austeridade fiscal (corte de salários e aumento de impostos) que os países ricos, principalmente os europeus, têm executado para controlar seus deficits públicos, agravados pela crise de 2008. "A opção por políticas fiscais ortodoxas vem agravando as economias desenvolvidas, com reflexos nas economias emergentes, inclusive o Brasil", afirmou.
"A política monetária não pode ser a única resposta para resolver o crescente desemprego, o aumento da pobreza e o desalento que afeta no mundo inteiro as camadas mais vulneráveis", acrescentou. "A austeridade [fiscal], quando exagerada e isolada do crescimento, derrota a si mesma."
Desde o início da crise econômica mundial, o Brasil tem sido crítico a respeito do chamado "tsunami monetário" criado pelos países ricos. Para combater a recessão de suas respectivas economias, os países mais desenvolvidos emitiram grande quantidade de moeda para estimular a concessão de crédito e o nível de atividade.
Um dos efeitos colaterais desse "tsunami monetário" foi a valorização das moedas de economias emergentes, como o Brasil, já que parte desses recursos foi desviada para ativos financeiros desses países. O fortalecimento da moeda brasileira torna as exportações mais caras, o que gera dificuldades para a balança comercial do país.
No caso dos países ricos, o efeito é inverso, o que levou o ministro Guido Mantega (Fazenda) a divulgar um termo que ganhou repercussão mundial: "guerra cambial".
A presidenta defendeu o "diálogo" e a "cooperação" para enfrentar a crise humanitária da Síria, mergulhada em uma guerra civil que já provocou a morte de pelo menos 20 mil pessoas. "Não há solução militar para a crise síria. A diplomacia e o diálogo não são apenas a melhor, mas, eu creio também, a única opção", disse a presidente. "O Brasil condena nos mais fortes a violência que continua a ceifar vida nesse país", afirmou Dilma, acrescentando que "a maior responsabilidade" recai sobre Damasco (o governo sírio).
"Mas sabemos também da responsabilidade das opções armadas, especialmente daquelas que contam com apoio militar e logístico de fora", acrescentou, numa provável referência aos grupos rebeldes, que têm recebido financiamento e armas de países ocidentais. "Sírios, deponham as armas e juntem-se aos esforços de mediação."

       Fonte: Folha

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Disputa por ilhas afeta economias da China e do Japão

Manifestantes pró-Japão protestam na ilha de Senkaku

A briga pelas ilhas Senkaku (ou Diaoyu, como são conhecidas na China) já afetou de forma intensa as duas maiores economias da Ásia e deve se agravar ainda mais, já que a China deu sinais de que pode impor sanções econômicas ao vizinho.
A mídia chinesa diz que a solução acalmaria a opinião pública e que o país não seria afetado, já que a balança comercial pesa mais do lado japonês.
Em 2011, o comércio bilateral gerou cerca de US$ 343 bilhões (cerca de R$ 692,4 bilhões), o que representou apenas 9,4% da balança comercial chinesa. As exportações para o Japão chegaram a quase 8% do total e as importações atingiram 11%. Em contrapartida, as exportações japonesas para a China chegaram a quase 20% do total comercializado pelo país em 2011.
Mas, no domingo, o primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, alertou a China que essa briga poderá ter um efeito negativo sobre a própria economia chinesa.
''A China deveria se desenvolver através dos vários investimentos estrangeiros que recebe'', disse Noda, em entrevista concedida ao Wall Street Journal, ao citar que os protestos e aparentes sanções comerciais podem afastar os investidores estrangeiros.
A opinião de analistas ouvidos pela mídia japonesa também é a mesma. Para eles, medidas econômicas repressivas seriam uma ''faca de dois gumes'' para ambos os países.
Na semana passada, fabricantes de carros japonesas anunciaram uma perda estimada em cerca de US$ 250 milhões (cerca de R$ 504,7 bilhões) por causa dos protestos violentos antinipônicos realizados em várias cidades chinesas.
As montadoras temem agora uma queda nas vendas, já que há uma onda de boicote aos produtos japoneses na China.
As três maiores fabricantes do país, Nissan, Honda e Toyota, interromperam temporariamente as operações em fábricas chinesas.
O turismo também foi gravemente afetado. Segundo a All Nippon Airways (ANA), cerca de 15 mil passagens foram canceladas na China entre os meses de setembro e novembro.
Já do lado japonês, a Organização Nacional de Turismo do Japão (JNTO) calculou uma queda de 20% no número de chineses que visitam o país. Estes turistas respondiam por 25% do total de estrangeiros que chegam ao arquipélago.
Neste fim de semana, a China cancelou a participação na maior feira de turismo realizada no Japão. Para o fragilizado setor de turismo, foi um duro golpe, já que o país ainda tenta se recuperar da tragédia do tsunami, de 11 de março de 2011.
Lojas de departamentos, redes de supermercados e restaurantes também contabilizam os prejuízos.
Para tentar reatar os laços que foram rompidos por causa da disputa, o Japão enviou nesta segunda-feira a Pequim o vice-ministro das Relações Exteriores japonês, Chikao Kawai, para uma rodada de dois dias de conversas com o lado chinês.
Mas a reconciliação está cada vez mais complicada. Nesta segunda-feira de manhã, três barcos da guarda costeira chinesa invadiram as águas territoriais do Japão pela terceira vez em menos de duas semanas.
Tóquio fez um protesto formal, já que, enquanto o problema não se resolve, é o país quem tem o controle administrativo das ilhas.
''É claro que, se entrarem em nossas águas territoriais, vamos levantar objeções ao mais alto nível'', disse o porta-voz do governo japonês Osamu Fujimura durante uma entrevista coletiva.
A recente tensão entre os dois países por causa das ilhas também levou ao cancelamento de um evento que seria realizado na próxima quinta-feira em Pequim para marcar o aniversário de 40 anos de normalização das relações entre os dois países.
''É muito decepcionante'', comentou Fumijura a repórteres, se referindo ao cancelamento do cerimonial.
Um grupo de empresários japoneses, que se encontra anualmente com colegas chineses desde 1975, também cancelou a visita deles ao país.
A disputa pelo pequeno arquipélago localizado ao extremo sul do Japão já dura mais de duas décadas, mas a tensão entre chineses e japoneses aumentou depois que Tóquio anunciou a compra de três das ilhas, no começo de setembro.
Milhares de manifestantes protestaram nas ruas de cidades chinesas contra a compra das ilhas pelo Japão. Prédios de fábricas e escritórios de empresas japonesas foram atingidos pelos manifestantes, que também atacaram consulados japoneses na China.
As ilhas nacionalizadas pelo Japão pertenciam a investidores privados japoneses, e a compra foi feita para evitar que o governador nacionalista de Tóquio, Shintaro Ishihara, comprasse o arquipélago e construísse instalações no local, o que irritaria ainda mais o governo chinês.

Fonte: BBC

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Obama tem vitória financeira sobre Romney em agosto


O presidente dos EUA e candidato à reeleição, Barack Obama, e seus aliados do Partido Democrata tiveram uma vitória financeira sobre o rival republicano Mitt Romney e seus apoiadores em agosto, mostraram balanços financeiros divulgados na quinta-feira.
O estratégico grupo externo de financiamento pró-Obama, em uma rara demonstração de força no mês passado, arrecadou mais dinheiro do que o grupo pró-Romney.
O candidato republicano continua a levantar mais dinheiro para o comitê nacional do partido do que a sua própria campanha, a qual analistas de financiamento de campanha dizem limitar o âmbito de utilização dos fundos.
Com a eleição de 6 de novembro se aproximando, a capacidade dos candidatos para sustentar grandes operações de base e ter flexibilidade de resposta rápida por meio de publicidade de TV pode ser crucial na corrida pela Casa Branca.
Desde abril, Romney dependeu de seus apoiadores externos para mais da metade de seus anúncios, revelou um estudo acadêmico na semana passada -- muito mais do que Obama, cuja campanha tem gastado a um ritmo veloz em sua vasta infraestrutura e compra de anúncios.
Mas em agosto o estratégico grupo de apoio de Romney --Restore Our Future-angariou US$ 21,2 milhões, em queda pelo segundo mês seguido, apontaram as informações divulgadas e arquivadas junto à Comissão Eleitoral Federal.
Isto deixou o grupo com apenas US$ 7,4 milhões em dinheiro disponível, levantando questões sobre qual será o peso da força de compra de anúncios na reta final.
Arrecadando US$ 7 milhões em agosto, o Restore Our Future --cujos anúncios agressivos contra adversários de Romney foram fundamentais para conquistar a nomeação republicana-- ficou atrás do grupo pró-Obama Priorities USA Action, que tem lutado há muito para atrair doadores democratas, que normalmente desdenham da captação ilimitada de recursos dos grupos externos, os chamados Super PACs.
O Super PAC pró-Obama marcou seu melhor mês de levantamento de recursos, com US$ 10,1 milhões, e tinha US$ 4,8 milhões no banco.

Fonte: Folha

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

França vai fechar embaixadas em países muçulmanos


Homem lê periódico francês Charlie Hebdo, que publicou charges do profeta Maomé
O Ministério das Relações Exteriores da França anunciou nesta quarta-feira que na sexta-feira fechará suas embaixadas e escolas em vários países muçulmanos como medida de precaução após a publicação hoje em uma revista francesa de caricaturas de Maomé.
A decisão atingirá vinte países, comunicou o ministério após a publicação de várias charges do profeta na revista "Charlie Hebdo".
O ministro das Relações Exteriores, Laurent Fabius, anunciou anteriormente que tinha enviado instruções para que fossem adotadas medidas de precaução nos países onde poderiam ocorrer problemas.
Fabius afirmou ainda que na França "a regra é a liberdade de expressão" e lembrou que esta tem seus limites "nas decisões dos tribunais".
O primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, em discurso similar ao de Fabius, pediu responsabilidade dos meios de comunicação mas lembrou que na França existe liberdade de expressão.
Ayrault anunciou além disso que vai negar a permissão para uma manifestação de protesto pelo vídeo sobre Maomé que causou uma forte reação no mundo muçulmano.

Fonte: Folha

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Brasil testa papel de potência global em Angola


Distrito financeiro em Luanda, na Angola | Foto: AFP
Enquanto aguarda na fila de carros à entrada do único shopping de Luanda, capital de Angola, um motorista angolano abre as janelas de seu jipe. Os alto-falantes ecoam "Eu quero tchu, eu quero tchá", música da dupla sertaneja brasileira João Lucas e Marcelo.
Em instantes, após estacionar o veículo, ele entrará num edifício erguido por uma empreiteira brasileira (Odebrecht), cruzará com trabalhadores brasileiros, fará compras em lojas brasileiras (Ellus, Nobel) e, possivelmente, comerá numa rede de fast-food brasileira (Bob's).
O alto teor brasileiro do programa não é coincidência: nos últimos anos, Angola se tornou um dos maiores palcos externos do Brasil. Lá, a influência brasileira se alastrou em grande escala pela cultura, pela economia e até pela política local.
Em Talatona, bairro ao sul de Luanda que abriga o Belas Shopping, a presença brasileira alcança seu ápice. Luxuosos condomínios fechados abrigam boa parte dos engenheiros, médicos e consultores do Brasil em Angola. No bairro, eles vivem rodeados por supermercados, academias e restaurantes administrados por compatriotas.
Porém, a maioria dos brasileiros em Angola, estimados em até 25 mil, mora em alojamentos ou casas coletivas: são pedreiros, operadores de máquinas, motoristas e outros técnicos contratados por empreiteiras brasileiras para executar obras no país.
Embora não haja relatos de hostilidade contra brasileiros em Angola, o grupo começa a gerar desconforto em alguns círculos. "Nas empresas, os angolanos dizem que os operários brasileiros são privilegiados, que têm salários maiores. Isso já provoca algumas fricções", diz o jornalista Reginaldo Silva, autor do blog Morro da Maianga.
Ele diz, no entanto, que a relação entre operários brasileiros, que "gostam de brincar, têm comportamento parecido com o nosso" e angolanos costuma ser boa.
"Já os (brasileiros) mais privilegiados, da classe média, vivem isolados em seus condomínios e têm muito pouco contato conosco."
Se, para o jornalista, a convivência entre os brasileiros mais ricos e os angolanos ainda é fria, os governos dos dois países vivem período de grande proximidade. Entusiasta das relações Brasil-África, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Angola três vezes nos últimos cinco anos. A última visita ocorreu em 2011, ano em que a presidente Dilma Rousseff também viajou ao país.
Atribui-se a uma indicação de Lula a atuação do marqueteiro brasileiro João Santana na eleição angolana deste ano. Ele chefiou a campanha do presidente José Eduardo dos Santos, no poder há 33 anos. Vencedor com mais de 70% dos votos, ele estenderá seu mandato até 2017.
Brasil e Angola mantêm boas relações desde que o país africano se tornou independente de Portugal, em 1975. O Estado brasileiro foi o primeiro a reconhecer Angola como nação soberana, gesto que até hoje lhe rende agradecimentos de dirigentes angolanos.
As relações bilaterais, no entanto, só se intensificaram na última década, quando o governo brasileiro ampliou os financiamentos a obras de empreiteiras brasileiras no país africano.
Desde 2006, quando o BNDES (Banco Nacional para o Desenvolvimento Econômico e Social) passou a canalizar a maior parte desses empréstimos, foram criadas linhas de crédito de US$ 5,2 bilhões (R$ 10,5 bilhões) para essas companhias.
O montante é mais do que o dobro do custo inicialmente estimado para a transposição do rio São Francisco (R$ 4,8 bilhões), uma das maiores obras em curso no Brasil. Em 2011, Angola só foi superada pela Argentina entre os países estrangeiros que mais receberam empréstimos do BNDES.
Os financiamentos têm o petróleo angolano como garantia – o país ocupa o segundo posto entre os maiores produtores de petróleo da África Subsaariana, com extração ligeriamente inferior à do Brasil.
Após o fim da guerra civil angolana (1975-2002), as vendas do produto ampararam um amplo programa de reconstrução conduzido pelo governo em parceria com empreiteiras brasileiras, portuguesas e chinesas.
As construtoras abriram o caminho para consultorias, comerciantes e companhias de variados setores: de acordo com o banco sul-africano Standard, atraídas pelo elevado ritmo de crescimento de Angola, ao menos 200 empresas brasileiras abriram filiais no país. Em 2007, o então embaixador do Brasil em Angola, Afonso Pena, disse que elas eram responsáveis por 10% do PIB angolano.
No auge do programa de reconstrução, entre 2004 e 2008, Angola cresceu em média 14% ao ano. A crise econômica mundial, porém, derrubou a cotação das commodities e suspendeu a evolução do PIB.
Espera-se, contudo, que nos próximos anos a recuperação nos preços do petróleo alavanque um novo ciclo de crescimento. Segundo a Economist Intelligence Unit, até 2016, a economia de Angola deverá ultrapassar a da África do Sul, hoje a maior do continente.
Na cultura, como na economia, Angola mantém laços sólidos com o Brasil. Três canais de TV brasileiros (Globo, Record e, mais recentemente, Band) transmitem sua programação no país.
A grande audiência das emissoras faz com que crimes com grande repercussão no Brasil sejam acompanhados pela imprensa angolana. Brigas de casais brasileiros famosos, por sua vez, acabam nas páginas da Caras Angola, filial da revista de celebridades.
E como revela a cena à entrada do shopping, músicas que estouram no Brasil em pouco tempo ganham as rádios angolanas.
"A cultura brasileira domina completamente Angola", diz Reginaldo Silva.
Segundo o jornalista, a influência do Brasil nesse campo é tão grande que já altera o modo de falar dos angolanos, que passaram a incorporar gírias e expressões brasileiras.
"Pela via cultural, há uma colonização absoluta de Angola pelo Brasil".

Fonte: BBC

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Queda de 73% em mortalidade infantil no Brasil é destaque de relatório da Unicef


Campanha de vacinação no Brasil (Foto AP)
Uma queda de 73% na taxa de mortalidade infantil do Brasil em apenas duas décadas foi um dos destaques de um relatório da Unicef divulgado . Segundo o estudo, a taxa brasileira caiu de 58 para 16 por mil nascidos vivos entre 1990 e 2011. Em 2000, o índice era de 36 por mil nascidos vivos - o que faz com que a queda tenha sido de 56% desde então.
Ainda com essa redução drástica, 40 mil crianças morreram antes de completar cinco anos no Brasil no ano passado (contra 205 mil em 1990).
"No Brasil, programas comunitários e estratégias de saúde para a família foram implementados desde a década de 1990 para oferecer cuidados de saúde primários (à população)", explica o relatório. "Isso ajudou a expandir o acesso aos serviços de saúde, reduzir as desigualdades na cobertura e cortar as taxas de mortalidade infantil."
Segundo a Unicef, outros fatores que ajudaram a reduzir as mortes de crianças no Brasil incluem "melhorias nos serviços de saneamento básico, nos níveis educacionais das mães e nos índices de aleitamento materno e vacinação, além do crescimento na renda das famílias".
A queda no Brasil foi acompanhada de uma redução menos acentuada nos índices globais no mesmo período. Em 2011, 6,9 milhões de crianças morreram antes de completar cinco anos - um total de 19 mil por dia. Em 1990, foram 12 milhões de mortes.
Para a Unicef, esse declínio geral se deve às melhorias das condições de vida em regiões carentes e às campanhas de vacinação e de conscientização sobre a importância do aleitamento materno.
Segundo a agência da ONU, nos países pobres, as maiores quedas ocorreram em lugares que receberam ajuda externa, como a República Democrática Popular do Laos, o Timor Leste e a Libéria.
Mas em alguns países a situação piorou desde 1990, entre eles República Democrática do Congo, Chade, Somália, Mali, Camarões e Burkina Faso.
Em 2011, metade das mortes infantis ocorreram em apenas cinco países: Índia, Nigéria, República Democrática do Congo, Paquistão e China. E quase todas as 500 mil mortes por malária ocorreram na África Subsariana.
De acordo com a Unicef, os conflitos armados estão entre os principais fatores de risco para o problema da mortalidade infantil. No total, oito dos dez países com as maiores taxas têm algum tipo de conflito ou instabilidade.
As cinco principais causas de mortes entre crianças menores de cinco anos no planeta são pneumonia (18%), complicações neonatais (14%) diarreia (11%); complicações durante o parto (9%) e malária (7% ).
Cerca de 40% das mortes ocorrem durante os primeiros 28 dias de vida da criança, estando a desnutrição ligada a mais de um terço desses óbitos.

Fonte: BBC

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Austeridade contra a crise desacelera economia mundial, diz Unctad


Protesto na Espanha contra austeridade | Foto: AFP
As medidas de austeridade adotadas por governos de países desenvolvidos para tentar conter a crise econômica mundial não estão dando o resultado esperado e ainda desaceleram a economia mundial e aumentam a desigualdade de renda. É o que afirma o relatório da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), divulgado nesta quarta-feira.
Em seu "Relatório de Comércio e Desenvolvimento 2012", a Unctad diz que os países desenvolvidos, como os da União Europeia, insistem no erro de não realizarem investimentos domésticos. Segundo a Unctad, essas políticas são responsáveis pelo crescimento econômico vir desacelerando em "todas as regiões do mundo".
O texto afirma que a austeridade fiscal e o arrocho salarial "estão enfraquecendo ainda mais o crescimento nesses países, sem alcançar os resultados esperados de redução de déficits fiscais, criação de empregos e renovação de confiança dos mercados financeiros."
O organismo lembra que em 2010 já alertava que o desafio para a recuperação dessas economias não era o aumento da dívida dos governos, mas a falta de demanda interna nos países mais ricos.
"A demanda é o que impulsiona as economias modernas", afirma o relatório.
Ao criticar as medidas de austeridade adotadas por governos de países desenvolvidos, a Unctad destaca o melhor desempenho dos países em desenvolvimento, como o Brasil.
A resposta dos países em desenvolvimento à deterioração da economia mundial é a adoçãode políticas anticíclicas, com um aumento da despesa pública, informa o relatório.
O documento cita o Brasil como exemplo desse tipo de política, ao dizer que o governo federal adotou reformas fiscais para aumentar as receitas que financiam suas despesas.
No entanto, as medidas de austeridade prejudicam a demanda nos mercados desenvolvidos e isso reduz as perspectivas de exportação dos mercados em desenvolvimento. Estes últimos "não poderão evitar uma desaceleração de suas economias e estão vulneráveis à contínua deterioração das economias desenvolvidas", garante a Unctad.
O "Relatório sobre Comércio e Desenvolvimento 2012" prevê um crescimento de 2,3% para a economia mundial, em 2012 - contra os 2,7% registrados no ano passado. Segundo as previsões do organismo da ONU, o Brasil deve crescer 2,0%.
Grande parte do "Relatório sobre Comércio e Desenvolvimento 2012" é dedicada à questão da desigualdade de renda no mundo, que vem aumentando, segundo o organismo da ONU.
Para os economistas da Unctad, uma das saídas para retomar o caminho do crescimento econômico é, exatamente, reverter este quadro .
Ao lembrar que famílias de baixa e média renda gastam proporções muito maiores de seus salários em consumo, o relatório volta a citar o Brasil.
"No Brasil, vários programas destinados a erradicar a pobreza extrema e melhorar as oportunidades para populações vulneráveis foram lançados ou fortalecidos", diz o relatório, que também elogiou os esforços feitos pelo governo para diminuir a desigualdade de renda entre homens e mulheres no mercado de trabalho.
A Unctad não poupou os grandes executivos e agentes financeiros, lembrando que a remuneração "extremamente elevada" que ganham é "frequentemente relacionada à tomada excessiva de riscos em busca de lucros de curto prazo e de dividendos para os acionistas".
Do outro lado da moeda, aparecem os trabalhadores assalariados, que, segundo relatório, foram "forçados a se endividar para manter seus padrões de vida."

Fonte: BBC

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Apesar de redução, Brasil ainda tem um dos mais altos custos de energia


Linha de montagem | Crédito da foto: Reuters
O anúncio já havia sido feito pela presidente Dilma Rousseff no pronunciamento de 7 de setembro. Na cerimônia no Palácio do Planalto, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, confirmou o corte de 16,2% para os consumidores residenciais e de até 28% para as indústrias. As medidas passam a valer no início de 2013.
Segundo Lobão, a redução vai se dar em duas frentes: de um lado, o governo vai zerar ou reduzir encargos setoriais, que juntos, respondem por 12,5% do preço da tarifa industrial; de outro, aproveitará o vencimento das concessões de geração elétrica para puxar para baixo o custo da energia ao renová-las.
Segundo levantamento da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), a redução média para a indústria deverá ficar em torno de 19,4%.
Após o anúncio, o Brasil passou da quarta para a oitava posição entre os países com as mais altas tarifas de energia para a indústria no mundo, mas continua a pagar mais caro do que todos os outros Brics (grupo que inclui Rússia, Índia, China e África do Sul), segundo estudo da Firjan com base em dados da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), que inclui 28 países.

Tarifas industriais de consumo de energia elétrica (R$/MWH)*

1. Itália - R$ 458,3

2. Turquia - R$ 419

3. República Tcheca - R$ 376,4

4. Chile - R$ 320,6

5. México - R$ 303,7

6. El Salvador - R$ 295,4

7. Cingapura - R$ 271,8

8. Brasil - R$ 265,2**

18. Índia - R$ 188,1

22. China - R$ 142,4

23. Estados Unidos - R$ 124,7

26. Rússia - R$ 91,5

27. Argentina - R$ 88,1

28. Paraguai - R$ 84,1
*O ranking foi feito com base na paridade do poder de compra (PPP) de 27 países selecionados.
**Considerando a redução média de 19,4% 
Fonte: FIRJAN
Segundo Cristiano Prado, gerente de Competitividade Industrial e Investimentos da Firjan, mesmo com a redução o Brasil permanece fora da chamada "zona de competitividade", com uma tarifa média superior à dos principais países latino-americanos, por exemplo.
Considerado por muito tempo um dos principais entraves para o crescimento e à competitividade da indústria, o alto custo da eletricidade é um dos principais integrantes do chamado "Custo Brasil".
A baixa competitividade se traduz em produtos mais caros para o consumidor brasileiro e na perda de espaço no mercado internacional.
A redução das tarifas elétricas vem na esteira do conjunto de medidas de diminuição de custos estruturais, iniciada em agosto deste ano com o anúncio do plano de concessão de rodovias e ferrovias ao setor privado, que pretende minimizar o déficit de infraestrutura do Brasil.
"A medida do governo 'limpa' as bases da cadeira produtiva, aumentando sua competitividade e gerando um ciclo virtuoso", afirmou à BBC Brasil Paulo Pedrosa, presidente-executivo da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (ABRACE).
Encargos
Apesar de o Brasil continuar pagando uma das tarifas mais caras do mundo, a redução de até 28% na energia cobrada da indústria veio em boa hora, segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil.
De acordo com a pesquisa, o alto custo poderia ser explicado, em parte, pelos 14 encargos setoriais inseridos na conta de luz da indústria que, juntos, respondiam por 17% da tarifa total de energia elétrica da indústria.
Dois deles deles foram zerados - a Reserva Global de Reversão (RGR) e a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Já a Conta de Consumo de Combustível (CCC) foi reduzida em 25%. Juntos, esses tributos somavam cerca de 12,5% do preço final da energia.
"Todos esses tributos não tinham mais razão para existir. A CDE, por exemplo, foi criada para estimular o uso de fontes renováveis e universalizar a energia. Hoje, isso já não é tão necessário", explicou Prado, da Firjan.
Custo indireto
Para o consumidor, as medidas irão além de uma conta de luz mais barata. A redução também implicará em um custo indireto menor.
Segundo pesquisa da Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres), o alto custo da tarifa industrial acaba impactando o bolso das famílias, que indiretamente chegam a pagar um valor equivalente ao dobro de suas contas de luz quando se considera o preço da energia industrial embutido no preço dos produtos.
"Trata-se da energia necessária para a fabricação de qualquer produto, desde o papel até os automóveis", afirmou Pedrosa, da Abrace.
No topo do ranking do peso da energia no processo produtivo, segundo um outro estudo coordenado pela entidade, figura a indústria de gás, na qual o custo da energia equivale a 70% do preço do metro cúbico. A lista é seguida pelo setor de alumínio (40%), cloro e soda (40%) e ferroligas (30%).
A Abrace prevê que a redução média de 20% da tarifa das indústrias possibilitará um crescimento adicional do PIB de 8% até 2020.
Além disso, segundo a entidade, as exportações brasileiras aumentariam R$ 130 bilhões e seriam gerados até 5 milhões de empregos no período.

        Fonte: BBC

Casais homossexuais poderão adotar como héteros na França, diz ministra

A ministra da Justiça francesa Christiane Taubira]

O projeto de lei que autoriza o casamento homossexual na França dará aos casais a possibilidade de adotar uma criança nas mesmas condições que um casal heterossexual, mas não abre o acesso gratuito à reprodução assistida, de acordo com a ministra da Justiça Christiane Taubira.
Em uma entrevista que será publicada nesta terça-feira no jornal La Croix,  a ministra francesa explica que os casais homossexuais poderão casar e adotar uma criança nas mesmas condições que os heterossexuais, de maneira simples ou plena. Neste caso, há uma ruptura definitiva de todos laços com os parentes biológicos, o que não acontece na adoção simples. Se os casais optarem pela forma simples, será possível, por exemplo, adotar o filho de um dos cônjugues.
Segundo Christiane Taubira, as regras serão aplicadas da mesma maneira para todos os casais.Ela assegurou que os interesses da criança continuarão a ser a maior preocupação do governo. ‘’Temos consciência de todas as dimensões filosóficas e antropológicas que envolvem o casamento, mas consideramos que elas não podem ir na contramão da necessidade de legalizar a questão.’’
A ministra da Justiça deixou claro, entretanto, que o projeto não prevê o acesso à reprodução assisistida e continuará reservado às mulheres que não conseguem engravidar. Ela também garantiu que o recurso à barriga de aluguel, que consiste em pagar uma mulher para a gestação de um embrião produzido em laboratório, não será legalizado.
Em seu discurso no início de julho, o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault afirmou que, a partir do primeiro semestre de 2013, o casamento e a adoção seriam autorizados para os casais homossexuais, uma promessa de campanha do presidente francês François Hollande. Atualmente, na França, os homossexuais podem legalizar a união através do PACS, uma certidão de união estável, criada em 1999. Mas o documento não equivale a um casamento, e restringe alguns direitos, como a herança, por exemplo.

Fonte: http://www.portugues.rfi.fr