O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou
para baixo suas projeções para o crescimento da economia mundial em 2012 e
2013, na esteira da agravamento do cenário externo e do aumento dos riscos
globais. O órgão também reduziu a perspectiva de crescimento do Brasil, de 2,5%
para 1,5% neste ano, em linha com a estimativa do mercado brasileiro.
A revisão do relatório World Economic Outlookfoi divulgada
na manhã de terça-feira em Tóquio, no Japão (noite desta segunda-feira do
Brasil).
A capital japonesa sediará, ao longo desta semana, os encontros anuais
do FMI e do Banco Mundial onde mais de 10 mil presidentes de Bancos Centrais,
ministros de economia, executivos do setor privado e acadêmicos discutirão os
rumos da economia mundial.
Em sua revisão sobre os últimos dados econômicos globais divulgados em
julho passado, o FMI estimou que a economia mundial crescerá menos neste ano e
em 2013, de 3,5% e 3,9% para 3,3% e 3,6%, respectivamente.
O cenário, no entanto, é mais pessimista para as economias avançadas,
aponta o relatório. Segundo o Fundo, os países ricos devem crescer 1,3% neste
ano, contra 1,6% em 2011 e 3% em 2010, principalmente devido ao cortes dos
gastos públicos e à debilidade do sistema financeiro.
Desde o ano passado, as economias avançadas vêm adotando uma série de
medidas de austeridade fiscal, incluindo corte de despesas do governo e de
benefícios sociais, para combater a crise internacional.
Já as economias emergentes devem apresentar um desempenho relativamente
melhor do que seus pares desenvolvidos, mas não ficarão imunes à desaceleração
da economia mundial, prevê o FMI.
O Produto Interno Bruto (PIB) dos países em desenvolvimento e
sub-desenvolvidos deve registrar alta de 5,3% em 2012, contra 6,2% no ano
passado.
De acordo com o FMI, todos os principais emergentes, como China, Índia,
Rússia e Brasil, vão ter um crescimento menor neste ano.
Segundo o relatório, o crescimento no volume do comércio mundial também
deve apontar uma queda, de 3,2%, contra 5,8% no ano passado e 12,6% em 2010.
"O crescimento baixo e as incertezas das economias avançadas estão
afetando os mercados emergentes e as economias desenvolvidas por meio dos
canais financeiros e comerciais, além do próprio enfraquecimento interno",
afirmou o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard.
Segundo Blanchard, a taxa de crescimento das economias avançadas não foi
suficiente para reduzir o desemprego ao passo que a pujança dos mercados
emergentes também arrefeceu.
O Brasil também foi contagiado pela deterioração da economia mundial,
informou o FMI, que reduziu suas projeções para o crescimento da economia
brasileira de 2,5% para 1,5% em 2012 e de 4,7% para 4,0% em 2013.
Com a redução de 1 ponto percentual na estimativa para este ano, a
projeção do Fundo fica em linha com a do mercado brasileiro, que aposta em um
crescimento de 1,57% para o PIB de 2012, segundo o último relatório Focus,
divulgado pelo Banco Central.
Segundo o Fundo, o arrefecimento da economia brasileira foi uma das
causas para o menor crescimento da América Latina no primeiro semestre deste
ano. Já no segundo semestre, estima o FMI, a região deve registrar elevação de
3,25% no PIB.
No ano que vem, contudo, a entidade credita o crescimento mais forte do
Brasil às medidas fiscais para incrementar a demanda a curto prazo e à
trajetória descendente da taxa básica de juros, a Selic, que caiu 5 pontos
percentuais desde julho de 2011.
Apesar de prever uma retomada em 2013, o FMI alertou que o Brasil deve
se preocupar com a "escalada dos preços dos imóveis e das dívidas das
famílias".
O Fundo lembrou que grande parte do crescimento brasileiro dos últimos
anos se sustentou na expansão do consumo, com as taxas de poupança e de
investimento mantendo-se a níveis baixos.
Nesse sentido, a recomendação do FMI é de que o Brasil realize reformas
para reduzir seus diversos gargalos, o chamado 'Custo Brasil', que, na visão do
Fundo, "restringem o crescimento" do país.
O Fundo reconheceu, por fim, que as recentes medidas para destravar a
economia, como o pacote de concessão de rodovias e ferrovias anunciado
recentemente, são "bem vindas", mas precisam vir acompanhadas de uma
elevação da "taxa de investimento" do país, atualmente menor do que
especialistas acreditam ser necessária para permitir um crescimento
sustentável.
Fonte: BBC
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