Um duelo de imagem, tanto quanto de
substância, marcou o segundo e penúltimo debate entre os dois candidatos na
corrida à Casa Branca - o presidente Barack Obama e seu rival do Partido
Republicano, Mitt Romney.
Os milhões de telespectadores que assistiram pela TV ao evento realizado
na noite desta terça-feira em Hempstead, Nova York, viram um Obama agressivo,
determinado e irreconhecível comparado ao que esteve presente no primeiro
encontro cara a cara entre os dois, realizado no dia 3 de outubro.
Naquela ocasião, o mau desempenho do presidente, sob os olhos de quase
70 milhões de telespectadores que o assistiram pela TV, fez com que todos os
holofotes se virassem para ele na revanche.
À vontade com o formato deste segundo debate, no qual as perguntas
vinham primordialmente da plateia, o presidente teve momentos à altura de sua
fama como bom orador que ganhou na campanha de 2008.
Entretanto, Romney também levantou pontos que ressoam junto aos
eleitores indecisos, sobretudo o estado da economia. “Se você votar em Obama”,
disse Romney a um eleitor em determinado momento, “sabe o que serão os próximos
quatro anos”.
“Não podemos suportar mais quatro anos disto”, disse Romney, culpando as
políticas do governo Obama pelos 23 milhões de desempregados americanos e a
manutenção da taxa de desemprego acima de 8% por mais de 40 meses.
Se Romney conseguiu colocar seus pontos de vista no campo da economia,
não o fez sem estar sob ataque permanente de Obama.
O democrata lembrou a declaração do republicano sobre deixar falir a
indústria automotiva, criticou o nível de tributos (cerca de 14%) pago pelo
ex-governador de Massachusetts, recordou que o plano de corte de impostos de
Romney inclui os mais ricos e mencionou a posição do republicano de cortar
recursos para o planejamento familiar.
Contestando a promessa do republicano de um plano de cinco pontos para
reviver a economia, Obama disse que Romney tem apenas um “plano de um ponto
só”: beneficiar os mais ricos da sociedade americana e pressionar a classe
média.
Algumas vezes o presidente conseguiu tirar o republicano do sério,
fazendo-o discutir com a moderadora, a repórter de Política da CNN Candy
Crowley, por mais tempo de resposta. Romney também foi obrigado a usar parte do
seu tempo para replicar um ataque anterior feito do presidente.
Ao mesmo tempo, Obama defendeu sem reservas os avanços dos seus quatro
anos de mandato e tratou de assuntos internacionais e militares com autoridade.
Falando sobre um assunto sensível ao governo – o ataque ao consulado
americano em Benghazi, na Líbia, que matou o embaixador americano para o país,
Christopher Stevens –, Obama acusou Romney de politizar o incidente.
“Não é assim que um comandante-em-chefe opera”, afirmou Obama. “Você não
politiza a segurança nacional, certamente não quando (os eventos estão)
acontecendo.”
O presidente assumiu a responsabilidade pela segurança dos diplomatas
americanos e reiterou que prometeu encerrar a guerra do Iraque e encontrar
Osama Bin Laden – promessas que cumpriu.
A performance oferecida por Obama na terça-feira expressa a determinação
do democrata em retomar a liderança que vinha mantendo nas pesquisas de opinião
– mais crucial em determinados Estados indecisos onde os resultados podem
cimentar o caminho de um ou de outro candidato para a Casa Branca.
Obama perdeu terreno, por exemplo, no indeciso estado de Ohio, onde faz
campanha nesta quarta-feira para tentar reenergizar o eleitorado. Na Flórida e
na Virgínia, sua vantagem desapareceu após o primeiro debate.
Uma pesquisa do instituto Gallup divulgada pouco antes do debate indicou
os dois candidatos empatados tecnicamente, Romney com 50% das intenções de
votos e Obama com 46%.
A subida do republicano nas pesquisas inflou as expectativas de que o
debate da terça-feira fosse a chance de Obama de evitar um perigoso mergulho no
humor de sua campanha.
Nas primeiras horas desta quarta-feira, ambos os lados reivindicaram
vitória no debate da noite anterior. Uma pesquisa pós-debate divulgada na rede
CNN indicou uma “ligeira vitória de Obama”, mas um empate em geral.
Dos eleitores indecisos pesquisados – a maioria republicanos, segundo a
CNN –, 46% disseram que Obama venceu o encontro, enquanto 39% consideraram que
Romney se saiu melhor.
Já na rede CBS, 37% de 500 eleitores indecisos pesquisados consideraram
Obama vencedor, contra 30% que deram o primeiro posto para Romney. Porém 30%
consideraram que os candidatos empataram.
Os dois candidatos se reencontram uma última vez na próxima
segunda-feira, dia 22, em um debate sobre política internacional em Boca Raton,
na Flórida.
Fonte: BBC
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