Contrariando
a posição dos países sul-americanos, o secretário-geral da Organização dos
Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, sugeriu nesta terça-feira que a
organização não adote retaliações contra o Paraguai pela destituição do
ex-presidente Fernando Lugo, no dia 22 de junho.
Ao apresentar seu relatório aos 34
países do hemisfério que integram o seu Conselho Permanente, o secretário-geral
da OEA disse que, pelo contrário, a organização deve ter uma "presença
ativa" no país, a fim de contribuir com a governabilidade e a democracia
paraguaias e "evitar aumentar as divisões no seio da (sua)
sociedade".
Insulza sugeriu uma missão de
acompanhamento político com vistas às eleições de abril de 2013.
As conclusões contrariam a posição de
países sul-americanos, liderados pela União Sul-Americana (Unasul), que já
manifestaram ter havido uma "ruptura" na política paraguaia.
O representante brasileiro na OEA,
Breno Dias da Costa, disse que as conclusões do relatório são "exclusivas
do secretário-geral" e que o documento deve ser "avaliado pelas
nossas capitais".
O diplomata disse ainda que queria
"reiterar" a posição dos presidentes do bloco "no sentido de
condenar a ruptura da ordem democrática no Paraguai".
"Esta organização tem a
obrigação de defender a democracia e não podemos passar uma mensagem no sentido
de autorizar que qualquer quebra da ordem democrática seja considerada como
algo trivial", declarou Dias da Costa.
Reunião de
chanceleres
A delegação argentina havia pedido
que a crise paraguaia fosse debatida em uma reunião de chanceleres da OEA.
Entretanto, a ideia tem a oposição dos EUA, Canada, México e Honduras - países
que integraram a missão a Assunção e até agora não demonstraram apetite para
retaliações.
A representante permanente dos EUA no
órgão, Carmen Lomellin, disse que é "prematuro" elevar a discussão a
fóruns mais importantes da OEA e sugeriu uma nova reunião do seu Conselho
Permanente para rediscutir o documento de Insulza.
O encontro terminou nesta terça-feira
sem nova data para a discusssão do tema.
Além dessas posições, existe na OEA
um "eixo bolivariano" - encabeçado por Venezuela, Nicarágua e Equador
- que qualifica a queda de Lugo de "golpe" e pede a volta do
ex-presidente ao poder.
O embaixador venezuelano na OEA, Roy
Chaderton, disse que o relatório de Insulza é "prolixo mas sem
novidades".
O embaixador paraguaio na OEA,
embaixador Hugo Saguier, pediu que a organização não adote mais medidas contra
o seu país, que não tem mar e que sentirá "com força especial" os
efeitos de sanções".
Ele indicou que a relação do Paraguai
com os colegas de Mercosul foi duramente afetada pelas decisões do bloco - ao
qual se referiu recordando a Tríplice Aliança, formada por forças de Brasil,
Argentina e Uruguai que combateram os paraguaios no século 19.
"Estamos criando um precedente
preocupante na região, porque superado este inconveniente espera-se que os
paises voltem a ter boas relações. Mas quando as questões se tornam tão
ofensivas, é difícil voltar a uma relação normal", disse o embaixador.
"Eu já havia falado do novo
bloco regional que nasceu nesta crise. Agora há um mais novo: a Tríplice
Aliança mais", criticou, em referência à entrada da Venezuela no bloco.
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