As medidas de austeridade adotadas por
governos de países desenvolvidos para tentar conter a crise econômica mundial
não estão dando o resultado esperado e ainda desaceleram a economia mundial e
aumentam a desigualdade de renda. É o que afirma o relatório da Conferência das
Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), divulgado nesta
quarta-feira.
Em seu "Relatório de Comércio e Desenvolvimento 2012", a
Unctad diz que os países desenvolvidos, como os da União Europeia, insistem no
erro de não realizarem investimentos domésticos. Segundo a Unctad, essas
políticas são responsáveis pelo crescimento econômico vir desacelerando em
"todas as regiões do mundo".
O texto afirma que a austeridade fiscal e o arrocho salarial "estão
enfraquecendo ainda mais o crescimento nesses países, sem alcançar os
resultados esperados de redução de déficits fiscais, criação de empregos e
renovação de confiança dos mercados financeiros."
O organismo lembra que em 2010 já alertava que o desafio para a
recuperação dessas economias não era o aumento da dívida dos governos, mas a
falta de demanda interna nos países mais ricos.
"A demanda é o que impulsiona as economias modernas", afirma o
relatório.
Ao criticar as medidas de austeridade adotadas por governos de países
desenvolvidos, a Unctad destaca o melhor desempenho dos países em
desenvolvimento, como o Brasil.
A resposta dos países em desenvolvimento à deterioração da economia
mundial é a adoçãode políticas anticíclicas, com um aumento da despesa pública,
informa o relatório.
O documento cita o Brasil como exemplo desse tipo de política, ao dizer
que o governo federal adotou reformas fiscais para aumentar as receitas que
financiam suas despesas.
No entanto, as medidas de austeridade prejudicam a demanda nos mercados
desenvolvidos e isso reduz as perspectivas de exportação dos mercados em
desenvolvimento. Estes últimos "não poderão evitar uma desaceleração de
suas economias e estão vulneráveis à contínua deterioração das economias
desenvolvidas", garante a Unctad.
O "Relatório sobre Comércio e Desenvolvimento 2012" prevê um
crescimento de 2,3% para a economia mundial, em 2012 - contra os 2,7%
registrados no ano passado. Segundo as previsões do organismo da ONU, o Brasil
deve crescer 2,0%.
Grande parte do "Relatório sobre Comércio e Desenvolvimento
2012" é dedicada à questão da desigualdade de renda no mundo, que vem
aumentando, segundo o organismo da ONU.
Para os economistas da Unctad, uma das saídas para retomar o caminho do
crescimento econômico é, exatamente, reverter este quadro .
Ao lembrar que famílias de baixa e média renda gastam proporções muito
maiores de seus salários em consumo, o relatório volta a citar o Brasil.
"No Brasil, vários programas destinados a erradicar a pobreza
extrema e melhorar as oportunidades para populações vulneráveis foram lançados
ou fortalecidos", diz o relatório, que também elogiou os esforços feitos
pelo governo para diminuir a desigualdade de renda entre homens e mulheres no
mercado de trabalho.
A Unctad não poupou os grandes executivos e agentes financeiros,
lembrando que a remuneração "extremamente elevada" que ganham é
"frequentemente relacionada à tomada excessiva de riscos em busca de
lucros de curto prazo e de dividendos para os acionistas".
Do outro lado da moeda, aparecem os trabalhadores assalariados, que,
segundo relatório, foram "forçados a se endividar para manter seus padrões
de vida."
Fonte: BBC
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