A briga pelas ilhas Senkaku (ou Diaoyu, como
são conhecidas na China) já afetou de forma intensa as duas maiores economias
da Ásia e deve se agravar ainda mais, já que a China deu sinais de que pode
impor sanções econômicas ao vizinho.
A mídia chinesa diz que a solução acalmaria a opinião pública e que o
país não seria afetado, já que a balança comercial pesa mais do lado japonês.
Em 2011, o comércio bilateral gerou cerca de US$ 343 bilhões (cerca de
R$ 692,4 bilhões), o que representou apenas 9,4% da balança comercial chinesa.
As exportações para o Japão chegaram a quase 8% do total e as importações
atingiram 11%. Em contrapartida, as exportações japonesas para a China chegaram
a quase 20% do total comercializado pelo país em 2011.
Mas, no domingo, o primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, alertou a
China que essa briga poderá ter um efeito negativo sobre a própria economia
chinesa.
''A China deveria se desenvolver através dos vários investimentos
estrangeiros que recebe'', disse Noda, em entrevista concedida ao Wall
Street Journal, ao citar que os protestos e aparentes sanções comerciais
podem afastar os investidores estrangeiros.
A opinião de analistas ouvidos pela mídia japonesa também é a mesma.
Para eles, medidas econômicas repressivas seriam uma ''faca de dois gumes''
para ambos os países.
Na semana passada, fabricantes de carros japonesas anunciaram uma perda
estimada em cerca de US$ 250 milhões (cerca de R$ 504,7 bilhões) por causa dos
protestos violentos antinipônicos realizados em várias cidades chinesas.
As montadoras temem agora uma queda nas vendas, já que há uma onda de
boicote aos produtos japoneses na China.
As três maiores fabricantes do país, Nissan, Honda e Toyota,
interromperam temporariamente as operações em fábricas chinesas.
O turismo também foi gravemente afetado. Segundo a All Nippon Airways
(ANA), cerca de 15 mil passagens foram canceladas na China entre os meses de
setembro e novembro.
Já do lado japonês, a Organização Nacional de Turismo do Japão (JNTO)
calculou uma queda de 20% no número de chineses que visitam o país. Estes
turistas respondiam por 25% do total de estrangeiros que chegam ao arquipélago.
Neste fim de semana, a China cancelou a participação na maior feira de
turismo realizada no Japão. Para o fragilizado setor de turismo, foi um duro
golpe, já que o país ainda tenta se recuperar da tragédia do tsunami, de 11 de
março de 2011.
Lojas de departamentos, redes de supermercados e restaurantes também
contabilizam os prejuízos.
Para tentar reatar os laços que foram rompidos por causa da disputa, o
Japão enviou nesta segunda-feira a Pequim o vice-ministro das Relações
Exteriores japonês, Chikao Kawai, para uma rodada de dois dias de conversas com
o lado chinês.
Mas a reconciliação está cada vez mais complicada. Nesta segunda-feira
de manhã, três barcos da guarda costeira chinesa invadiram as águas
territoriais do Japão pela terceira vez em menos de duas semanas.
Tóquio fez um protesto formal, já que, enquanto o problema não se resolve,
é o país quem tem o controle administrativo das ilhas.
''É claro que, se entrarem em nossas águas territoriais, vamos levantar
objeções ao mais alto nível'', disse o porta-voz do governo japonês Osamu
Fujimura durante uma entrevista coletiva.
A recente tensão entre os dois países por causa das ilhas também levou
ao cancelamento de um evento que seria realizado na próxima quinta-feira em
Pequim para marcar o aniversário de 40 anos de normalização das relações entre
os dois países.
''É muito decepcionante'', comentou Fumijura a repórteres, se referindo
ao cancelamento do cerimonial.
Um grupo de empresários japoneses, que se encontra anualmente com
colegas chineses desde 1975, também cancelou a visita deles ao país.
A disputa pelo pequeno arquipélago localizado ao extremo sul do Japão já
dura mais de duas décadas, mas a tensão entre chineses e japoneses aumentou
depois que Tóquio anunciou a compra de três das ilhas, no começo de setembro.
Milhares de manifestantes protestaram nas ruas de cidades chinesas
contra a compra das ilhas pelo Japão. Prédios de fábricas e escritórios de
empresas japonesas foram atingidos pelos manifestantes, que também atacaram
consulados japoneses na China.
As ilhas nacionalizadas pelo Japão pertenciam a investidores privados
japoneses, e a compra foi feita para evitar que o governador nacionalista de
Tóquio, Shintaro Ishihara, comprasse o arquipélago e construísse instalações no
local, o que irritaria ainda mais o governo chinês.
Fonte: BBC
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