Pouco mais
de uma década depois do ataque de 11 de setembro de 2001, os americanos se
sentem menos ameaçados pelo terrorismo, segundo uma pesquisa do Chicago Council
on Global Affairs divulgada nesta semana.
A pesquisa, realizada de maio a junho
deste ano com mais de 1.800 participantes, revelou ainda uma divergência na
visão que os americanos mais jovens tem do papel dos Estados Unidos no mundo.
Entre os entrevistados de 18 a 29
anos, 52% acham que os Estados Unidos não devem ser envolver em questões de
política internacional, ao passo que apenas 35% das pessoas de faixas etárias
mais elevadas compartilham esse ponto de vista.
A maioria dos americanos acima de 29
anos (61%) ainda acredita que os Estados Unidos devem exercer um papel de
liderança no cenário global.
Quando perguntados sobre o que
consideram ser as maiores ameaças aos interesses americanos, 67% dos
participantes ainda citam o terrorismo em primeiro lugar, apesar de os
resultados apresentarem queda de 6% em relação a 2010.
A preocupação com o programa nuclear
iraniano também diminuiu em 4% em relação ao 2010, com 64% dos participantes
afirmando que essa é a principal ameaça ao país.
A maior queda nesse quesito foi vista
em relação à presença de imigrantes e exilados políticos.
Em 2010, 51% dos entrevistados
acreditavam que o grande número de imigrantes e refugiados presentes nos
Estados Unidos representava um problema grave à nação. Dois anos mais tarde,
apenas 40% dos participantes da pesquisa consideram isso uma grande ameaça.
pesar de os americanos ainda
considerarem a região do Oriente Médio a maior fonte de ameaças futuras, quando
o assunto é política externa, a região da Ásia, e mais especificamente a China,
começa a ocupar um papel maior.
De acordo com o estudo, isso pode ser
reflexo de uma preocupação maior da população com a economia e de mudanças no
cenário geopolítico mundial.
Esta é a primeira vez, desde 1994,
que a maioria dos americanos (52%) diz que a Ásia é mais importante para a
economia dos Estados Unidos do que a Europa. Apenas 47% dos entrevistados ainda
consideram a Europa o continente economicamente mais relevante para o país.
Apesar de estarem mais longe da
explosão da crise financeira de 2008, atualmente 83% dos americanos consideram
que a proteção dos empregos dos cidadãos deve ser uma meta importante na
condução da política externa do país. Em 2010, apenas 79% dos entrevistados
afirmaram o mesmo.
Para 77%, outra meta importante seria
diminuir a dependência do petróleo estrangeiro, outro aumento verificado em
relação a 2010, quando 74% indicaram o mesmo.
A pesquisa revelou ainda que menos
americanos estão interessados em promover e defender direitos humanos em outros
países (28%, queda de 4% em relação a 2010) e em ajudar a formar governos
democráticos em outras nações (14%, contra 19% em 2010).
Outro reflexo da transformação no
cenário global é que 69% dos americanos acha bom dividir as responsabilidades
de política externa com países como a Turquia e o Brasil.
Apenas 28% dos entrevistados
considera isso negativo, pois temem que esses países ajam de forma contrária
aos interesses dos Estados Unidos.
"O crescimento do Brasil vai
mudar a dinâmica não só com os Estados Unidos, mas com o mundo todo, e espero
que o governo americano esteja prestando a atenção nisso", disse à BBC Brasil
Jane Harman, presidente do Wilson Center, organização sediada em Washington
dedicada a estudos de políticas nacionais e internacionais.
"Também espero que, não importa
quem seja o novo presidente dos Estados Unidos, uma principal prioridade dele
seja desenvolver o já bom relacionamento com o Brasil."
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