Mensagens
de e-mail estão no centro da polêmica envolvendo o ex-diretor da CIA, David
Petraeus, e sua amante e biógrafa, Paula Broadwell.
Petraeus renunciou na sexta-feira
passada ao comando da agência americana de inteligência por causa do escândalo
envolvendo o relacionamento extraconjugal.
Durante o caso, ele e Broadwell
trocaram mensagens e usaram regularmente o Gmail. Agora, essa correspondência é
considerada chave para a investigação do FBI (que apura, entre outras coisas,
se houve quebra de segurança nacional na troca de mensagens).
A correspondência ofereceu ao FBI
pistas digitais, mas os investigadores inicialmente não tinham ideia da
magnitude do que estavam prestes a descobrir. Na verdade, a investigação
começou quando Jill Kelley, uma socialite da Flórida, disse a um amigo no FBI
que havia recebido e-mails ameaçadores advertindo-a para que parasse de
confraternizar com líderes sêniores das Forças Armadas americanas.
Como favor a Kelley, esse amigo
começou a investigar os e-mails, pensando se tratar de um caso de assédio
cibernético, segundo informou a rede americana NBC.
A apuração logo cresceu, já que os
e-mails ameaçadores frequentemente citavam informações de encontros privados de
generais ligados aos Comandos Central e do Sul das Forças Armadas, cujo comando
fica em Tampa (Flórida).
A investigação quase emperrou porque
as contas de e-mails das mensagens haviam sido registradas anonimamente. No
entanto, era possível identificar o endereço de IP (Protocolo de Internet) dos
computadores de onde as mensagens foram mandadas.
Como quase todos os endereços de IP
se relacionam a uma empresa, a um governo, a uma agência ou a um provedor de
internet, é possível estabelecer de qual rede as mensagens partiram.
Acredita-se que, a partir disso, o
FBI tenha feito uma lista levantando as possibilidades de quem estaria nos
locais de origem no momento quando as mensagens foram enviadas.
Jill Kelley (esq) recebeu e-mails
ameaçadores atribuídos a Paula Broadwell (dir)
O nome de Paula Broadwell apareceu
com frequência nessa lista. Ela é uma ex-militar e pesquisadora acadêmica que
conheceu Petraeus em 2006, para escrever um projeto acadêmico sobre seu estilo
de liderança. Sua pesquisa acabou servindo de base à biografia do general.
Logo as investigações apontaram que
as mensagens foram mandadas de hotéis onde ela se hospedou durante a turnê
promocional dessa biografia.
Quando o FBI estabeleceu que
Broadwell era a autora das mensagens ameaçadoras a Kelley - amiga de Petraeus e
de sua mulher, Holly -, os investigadores obtiveram um mandado de busca que
lhes deu acesso à conta anônima de e-mail. Assim foram descobertos indícios do
caso entre ela e Petraeus e da forma como esse relacionamento foi mantido em
sigilo.
O truque usado era o de duas pessoas
terem acesso ao login e à senha de uma conta de e-mail. Assim, em vez de mandar
mensagens um ao outro, eles escreviam rascunhos de e-mails que nunca chegavam a
ser enviados.
O uso de uma conta compartilhada de
Gmail provavelmente parecia seguro o bastante, já que os dois não imaginaram
que seriam alvo de uma investigação do FBI.
No primeiro semestre de 2012, segundo
relatos, Broadwell começou a ter ciúmes de Jill Kelley, que ela acreditava
estava competindo pelas atenções do general. Os e-mails anônimos enviados a
Kelley aparentemente faziam advertências para que esta se mantivesse longe do
general.
No final de outubro, o FBI tomou o
depoimento de Broadwell, que admitiu o romance com Petraeus. Este foi
interrogado na semana seguinte. Em seguida, no dia das eleições presidenciais,
o FBI notificou James Clapper, diretor de inteligência nacional dos EUA que
reporta diretamente à Casa Branca.
Clapper então pediu que Petraeus
renunciasse e informou a Casa Branca no dia seguinte. Petraeus entregou sua
renúncia ao presidente Barack Obama na quarta-feira passada, e este aceitou-a
na sexta-feira.
A questão não deve resultar em
acusações formais. Adultério é considerado crime sob a lei militar, mas
acredita-se que o romance de Petraeus tenha começado depois de ele ter deixado
o comando do Exército.
Não há nenhum indício de que Kelley,
que trabalha voluntariamente como relações públicas de uma base militar em
Tampa, tenha tido qualquer tipo de relacionamento amoroso com Petraeus.
Em comunicado, ela e seu marido
confirmaram sua amizade com a família do general e pediram para que sua
privacidade fosse respeitada.
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