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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Desaceleração da economia brasileira preocupa Argentina e gera debate sobre dependência

Sendo o principal destinatário das exportações argentinas, as recentes mudanças na economia do Brasil, preocupam de certo modo os economistas argentinos, estes temem os reflexos do que chamam de “desaceleração” da economia brasileira.
Neste interim essa preocupação gera um debate sobre o nível de dependência entre o Brasil e a Argentina.
Vale salientar que entre os principais temores dos economistas esta a desvalorização do real em comparação ao dólar e também a suspensão da produção em algumas fábricas do setor automotivo que acumulam estoques no país.
"Quase 50% do total das exportações argentinas se resumem em duas palavras: Brasil e soja", disse à BBC Brasil o economista Jorge Vasconcelos, do Instituto de Estudos sobre a Realidade Argentina e Latino-Americana (IERAL).
Pode-se dizer que esta “dependência” reflete-se nas exportações argentinas, cerca de 43% das exportações industriais destina-se ao Brasil, o setor automotivo lidera a lista dos produtos industriais enviados para o mercado brasileiro.
Em suma, se o Brasil desacelerar sua compra de automóveis argentinos, o país também produzirá e venderá menos carros para seu vizinho, afetando o ritmo de sua própria economia.
"Nossa indústria cresceu nos últimos anos porque o Brasil cresceu e aumentou o número de consumidores. Por isso, aqui estamos constantemente de olho no que acontece no nosso vizinho", disse, sob condição de anonimato, o presidente de uma das principais montadoras europeias na Argentina.
Desaceleração
Vasconcelos afirma que a "desaceleração" da economia brasileira está entre os principais temores do governo argentino:
"Hoje, nossa preocupação é com os efeitos que a incerteza europeia pode gerar nas nossas economias, com a desaceleração da economia brasileira, nosso principal parceiro comercial."
Todavia, o economista diz que diferentemente de 2009 onde imperou a crise financeira, a preocupação agora não é mais com uma recessão no Brasil, mas sim um freio no comércio com a Argentina.Ele recordou que este ano as exportações argentinas crescem a um ritmo cerca de 20% maior do que em 2010, mas que teme-se que esse ritmo caia a partir deste mês e continue em queda em 2012. A outra “dependência”, disse, é em relação aos movimentos do real frente à moeda americana.
"Nos últimos dias, o real passou de 1,58 para 1,72 e aqui acendemos a luz amarela porque ninguém sabe onde vai chegar. O real mais desvalorizado frente ao dólar deixa o peso argentino menos competitivo e torna os negócios com o Brasil menos rentáveis", afirmou.
Concentração de destinos
Tratando-se sobre termos globais, estima-se que o Brasil é o endereço de mais de 20% das exportações argentinas. O economista Marcelo Elizondo, da consultoria Desenvolvimento de Negócios Internacionais (DNI), realizou um estudo para o suplemento de economia do jornal Clarín, enfatizando "a concentração de destinos" das exportações argentinas e a dependência brasileira.
"A Argentina criou uma dependência crescente do Brasil", disse, observando que em 2005, a Argentina enviava para o Mercosul 47% da sua produção automotiva, 20% para NAFTA e 8,5% para a União Europeia e o restante dos mercados. No ano passado, 80% desta exportação foram para o Mercosul, 5,8% para NAFTA e 4,9% a UE.
Elizondo destacou que as exportações globais da Argentina cresceram 70% nos últimos cinco anos, mas que para o Brasil o salto, no mesmo período, foi de 125%.
"Diante destes dados é claro que estou preocupado com o que ocorre na economia brasileira. Nos últimos anos, a Argentina desviou comércio de outros mercados e aumentou sua dependência do mercado brasileiro."
Elizondo defendeu que a Argentina também intensifique suas exportações para outros países e blocos. "Eu não acho que o Brasil vai entrar em crise. Mas se a economia do Brasil desacelerar economia, afetará o crescimento econômico argentino", disse.
Ou seja, para o economista é preocupante a notícia sobre a menor atividade industrial brasileira. "A Argentina perdeu competitividade, diante dos seus altos custos de produção e o Brasil (como importador) acabou anestesiando esta nossa falta de competitividade."
Estancamento
Os efeitos do comportamento da economia brasileira foi um dos temas da entrevista que a presidente do Banco Central, Mercedes Marcó del Pont, deu, na semana passada, à emissora de televisão CN23.
A presidente do Banco Central afirmou que a alta do dólar na Argentina, cotado a 4,24 pesos, está vinculado ao período pré-eleitoral diante da eleição presidencial de outubro e não em função do comportamento do real. "Para a Argentina, prejudica muito mais um Brasil que não cresce, que não seja competitivo, do que um Brasil que controle sua moeda", disse. Os princpais jornais argentinos destacaram informações sobre a situação da economia brasileira nesta semana, os intitularam como o novo perigo brasileiro.Em uma semana, o dólar subiu mais de 5% no Brasil", publicou o Clarín.
"Brasil desvaloriza e gera preocupação", publicou o Página 12. Na reportagem, o jornal afirma que a desvalorização do real "pode gerar dor de cabeça aos exportadores argentinos que comercializam com o país vizinho". Teme-se ainda que a alta do dólar possa afetar o desembarque dos turistas brasileiros na Argentina.

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