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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Coreia do Norte pode estar preparando mudanças econômicas


A Coreia do Norte anunciou na quarta-feira que vai convocar seu Parlamento este mês, uma sessão incomum que, segundo analistas sul-coreanos, possivelmente marque a introdução oficial de um programa do líder Kim Jong-un para revitalizar a economia moribunda do país.
Desde dezembro, quando assumiu a direção do país após a morte de seu pai, Kim Jong-il, o jovem Kim vem enfatizando a necessidade de melhorar os padrões de vida da população norte-coreana pobre. Em abril, em seu primeiro discurso, declarou que ia assegurar que os norte-coreanos "nunca mais fossem obrigados a apertar os cintos".
Desde julho, várias reportagens da mídia sul-coreana vêm citando fontes anônimas na Coreia do Norte, segundo as quais Kim Jong-un pretende dar incentivos a fábricas e fazendas coletivas para aumentar sua produtividade. De acordo com os relatos, o Estado deixará os agricultores ficarem com 30% do rendimento das fazendas, ao invés dos 10% atuais. As fábricas poderão escolher o que produzir e como vender seus produtos, dividindo quaisquer lucros com o Estado e pagando elas mesmas seus operários.
As mudanças, que já teriam sido testadas como projetos-piloto em fábricas e fazendas selecionadas, serão eventualmente estendidas ao resto da Coreia do Norte, tomando o lugar do sistema disfuncional de rações distribuídas pelo Estado.
Se forem confirmadas, as mudanças representarão o esforço mais recente e possivelmente mais ousado da Coreia do Norte de reformar sua economia. Um esforço semelhante, dez anos atrás, fracassou.
"A sessão próxima do Parlamento vai indicar para onde Kim Jong-un vai conduzir a economia de seu país", disse o especialista na Coreia do Norte Koh Yu-hwan, da Universidade Dongguk, em Seul.
O anúncio feito pela agência de notícias oficial KCNA de que a Assembleia Suprema do Povo vai se reunir em 25 de setembro não informou qual será a pauta da sessão. A última vez em que a Assembleia se reuniu foi em abril, quando os legisladores elegeram Kim para suceder a seu pai como presidente do Comitê Nacional de Defesa, o mais importante órgão do Estado. Foi o último dos altos títulos militares, do Partido e do Estado que ele herdou.
Além de aprovar leis e nomear altos funcionários governamentais, o Legislativo norte-coreano anuncia medidas importantes de política doméstica e estrangeira. Em 2003 ele anunciou que o país ampliaria seu programa de armas nucleares.
Na sexta-feira passada o Ministério do Exterior prometeu ampliar o arsenal nuclear do país "para além da imaginação". A ameaça foi feita quando a Agência Internacional de Energia Atômica avisou que a Coreia do Norte está avançando significativamente na construção de um novo reator nuclear que é amplamente visto como meio de enriquecer urânio e produzir plutônio próprio para armas atômicas.
Observadores da Coreia do Norte na Coreia do Sul disseram que Kim, que as autoridades sul-coreanas acreditam ter 28 anos, pode afastar alguns dos líderes norte-coreanos mais velhos, como o primeiro-ministro Choe Yong-rim, 82, e o presidente da Assembleia, Kim Yong-nam, 87, para imprimir sua marca própria na hierarquia e promover tecnocratas mais jovens para levar adiante seus esforços de revitalização econômica.
Os relatos na mídia sul-coreana sobre as mudanças econômicas que Kim estaria pretendendo citaram representantes partidários norte-coreanos que assistiram a briefings sobre o programa econômico de Kim. Os relatos variaram nos detalhes, mas coincidiram quanto às linhas gerais.
"Trata-se basicamente de aumentar os incentivos para fábricas, indivíduos e fazendas coletivas, visando fomentar a produtividade", disse o especialista na Coreia do Norte Yoo Ho-yeol, da Universidade da Coreia.
Nas fazendas coletivas, grupos de quatro a seis trabalhadores poderão trabalhar como unidades para incentivar a concorrência, segundo a sucursal em Seul da rádio Free Asia, de Washington, além de web sites de Seul que coletam informações junto a fontes na Coreia do Norte. Enquanto isso, Jang Song Thaek, tio de Kim e seu assessor chave para políticas governamentais, visitou a China no mês passado e obteve a promessa de Pequim de ajudar a Coreia do Norte a construir duas zonas econômicas francas na fronteira entre os dois países.
Na terça-feira um funcionário governamental sênior de Seul, falando de modo anônimo com um grupo de repórteres, confirmou um elemento dos planos relatados. Disse que a Coreia do Norte está tirando os lucrativos direitos comerciais das mãos do poderoso establishment militar e os devolvendo ao gabinete. Em abril Kim prometeu converter o gabinete no "comando econômico" do país. Analistas dizem que o ex-chefe do exército norte-coreano, vice-marechal Ri Yong-ho, que perdeu o cargo em julho, foi demitido por ter resistido a um esforço de Kim e Jang de limitar os direitos econômicos das forças armadas.
Analistas sul-coreanos continuam divididos quanto a se Kim quer promover mudanças econômicas reais, do tipo empreendido pela China, principal aliada de seu país, ou se busca aumentar a produtividade apenas para reforçar o cofre do Estado, que está minguando. Nos últimos anos o regime vem tendo dificuldade crescente em ganhar divisas, à medida que as sanções da ONU vêm sendo intensificadas e a ajuda do exterior diminuiu.

Fonte: The NY Times

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