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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

“Egito implode, Líbia implode, Tunísia implode. ... Síria explode.”

  Conforme reportagem de 14 de fevereiro no New York Times, o colunista Thomas L. Friedman aponta o processo de formação do governo de Bashar Al-Assad para apresentar as revoltas que vemos nos últimos de dias de grupos de oposição ao tradicional governo sírio que resiste a mudanças, resultando em várias mortes de civis e militares.
  Repórter do NY Times a mais de 30 anos, Friedman presenciou a transição de poder entre pai e filho na Síria, que estava longe de ser um líder pacífico.
  Em uma revolta em 1982, rebeldes da Irmandade Muçulmana na cidade de Hamas protestavam contra o então presi-dente Hafez Al-Assad. Em resposta o governo devastou a cidade, resultando na morte de mais de 20 mil pessoas.
  A realidade hoje é diferente, esquecido esse evento, a sociedade se volta novamente contra o governo buscando medidas mais democráticas e uma maior inserção dos jovens na economia do país. Mas desta vez não é somente a Irmandade Muçulmana em uma cidade que busca por mudanças, é a juventude de toda síria
querendo melhores oportunidades no seu próprio país.
  Conforme Friedman, a Síria é um país altamente tribalizado, sectário e dividido onde uma minoria Alauita, que compõe cerca de 12% da população, domina as esferas do governo, sendo que cerca de 75% da população é Sunita, católicos são cerca de 10% e o resto da população é formada por curdos, drusos entre outros.
  Apesar de a insurreição síria ter iniciado de uma maneira não violenta, através de manifestações principalmente na cidade de Homes, após uma investida do governo houve uma resposta violenta por parte desta oposição, sendo difícil uma percepção se os motivos da revolta são realmente por aspirações democráticas ou se é uma atitude sectária dos Sunitas com relação dos Alauitas.
  Em dezembro do ano passado a Liga Árabe enviou uma missão para a execução de um plano de ação que tinha o objetivo de chegar a uma renúncia de Assad e a formação de um governo com maior participação da oposição e maior unidade nacional. Entretanto, após as investidas em Homes e o aumento da violência na região a missão teve de sair do país em janeiro deste ano.
  Homes, terceira maior cidade da Síria, é onde se concentra a maior parte da oposição ao governo de Assad.  É nesta cidade onde ocorreram a maior parte das manifestação e é também a que mais sofreu investidas do governo.
  Segundo Friedman, idealmente gostar-se-ia que ocorresse uma transição pacífica para uma forma de governo mais política consensual e pluralista ao invés de uma guerra civil que desestabilizaria não somente a Síria, mas toda a região. Para o jornalista o ponto chave para persuadir Assad a ceder seu poder seria o apoio da China, do Irã e da Rússia (sendo que China e Rússia vetaram a proposta de Resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas para uma intervenção na Síria). Outra solução seria uma unificação da ainda fracionada oposição síria (o que dá forças para Assad) para garantir uma maior participação dos seus interesses, criando uma Síria mais pluralista.

  A proposta de Resolução feita pelo Conselho de Segurança no final do ano passado buscava um fim à violência que acomete aquele país colocando um fim às violações de Direitos Humanos, entretanto, o texto nãofoi aprovado por este órgão tendo o veto da Rússia e da China que são membros permanentes.
  A Rússia considerou o texto da proposta “inaceitável”. Apesar de se mostrar contra o regime de Assad, a proposta não promoveria uma mudança gradual conforme desejo da população síria, mas uma mudança rápida que não se daria de maneira tão pacífica. Para o vice-chanceler da Rússia a oposição também tem responsabilidade pelas mortes ocorridas devido à falta de diálogo com o governo. A Rússia, assim como a China, não concorda com as sanções e pressões que o país seria submetido conforme a proposta de resolução contemplava. O primeiro-ministro russo, Vladmiri Putin, afirmou que é contra uma intervenção na Síria. Para ele, a Síria deveria resolver seus conflitos internos com maior independência.
  Conforme reportagem da BBC Brasil em discurso do Secretário-Geral da ONU, “Ban disse que era "lamentável" que a resolução anterior foi vetada pela China e pela Rússia no Conselho de Segurança, mas afirmou que a falta de um acordo "não dá ao governo a licença para continuar seus ataques em sua própria pessoa".
  Apesar das duras críticas da ONU feitas às ações do governo de Assad, o embaixador da Síria nessa organização reitera que eles estão lutando contra "gangues armadas que querem desestabilizar o país". Para os Estados Unidos Assad perdeu a sua “oportunidade de diálogo”. Conforme discurso do porta-voz da Casa Branca: "Desde os (primeiros) dias desta situação na Síria, havia uma oportunidade para que o governo de Assad iniciasse o diálogo com a oposição. Ao invés de aproveitar a oportunidade, Assad atacou brutalmente seu próprio povo. Não acreditamos que esta oportunidade esteja disponível".
  A Assembléia Geral também discutiu a situação da Síria, apesar de os países não terem poder de veto a resolução não tem força legal como a do Conselho. Em 16 de fevereiro foi aprovada a resolução, apresentado pelo Egito em nome de 27 países árabes que apoiavam a proposta contra a violência na Síria. Entre os pontos da resolução está o afastamento de Assad do poder.
  Novamente China e Rússia se mostraram contra a resolução da Assembléia Geral. Para o Ministro das Relações Exteriores da Rússia: "A resolução dirige todas as suas demandas ao governo e não diz nada sobre a oposição", já para o Ministro da China ameaças de sanções "não conduzem à solução apropriada para este caso".
   No dia 26 de fevereiro foi realizado um referendo sobre uma nova constituição estabelecendo um limite de dois mandatos para a presidência. Uma das principais mudanças propostas pelo governo seria a queda de uma cláusula que estabelecia o partido Baath como líder único. O referendo ocorreu em meio a violência e supostos boicotes, a oposição continua a insistir na renúncia de Assad e considerou o referendo uma “farsa” já que o governo não respeitou bases fundamentais da atual constituição como a garantia liberdade de expressão e de manifestação e proibição da tortura.

Fonte: New York Times, BBC Brasil e ONU Brasil

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