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terça-feira, 15 de novembro de 2011

BNDES como um instrumento de financiamento da infra-estrutura na América Latina

Há algo em comum em vários projetos de infraestrutura da América do Sul. Projetos que vão da ampliação do metrô de Caracas à construção da uma estrada na Bolívia, passando pela criação de uma hidroelétrica no Peru. Os três têm financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Há vários pontos em comum sobre os projetos de infra-estrutura da América do Sul.Estes vão da ampliação do metrô de Caracas à construção da uma estrada na Bolívia e até a criação de uma hidroelétrica no Peru.Os três projetos tem financiamento do BNDES.Com a ampliação do crédito a empresas brasileiras,o BNDES permite uma expansão nunca vista das multinacionais do Brasil na região.
Segundo cifras do BNDES, seus empréstimos para financiar obras de companhias brasileiras na América Latina e Caribe cresceram 1.082% entre 2001 e 2010.
As previsões apontam que  em este ano seus investimentos na região cheguem a cerca de US$ 860 milhões (um novo aumento em relação ao ano prévio), boa parte deles concentrados na América do Sul.
Todavia o papel do banco deixa algumas lacunas, para alguns tais financiamentos estariam muito além do aspecto econômico e comercial."O BNDES é claramente um instrumento brasileiro para ganhar poder e influência na região", afirmou o especialista em América Latina Thiago de Aragão, do centro de análises Arko Advide, com sede em Brasília.
Internacionalização
E qual seria a estratégia internacional do BNDES?
Tal  questão ganhou relevância diante de polêmicas recentes em torno de alguns projetos regionais de empresas brasileiras financiadas pelo banco.
Uma das polêmicas foi a construção de uma estrada na Bolívia, o projeto foi interrompido pelo governo de Evo Morales, após manifestações de grupos indígenas descontentes .A estrada passaria por uma reserva ambiental
"Não é um empréstimo direto para os países. Os empréstimos são oferecidos para as empresas brasileiras que se instalam ou têm projetos em outros países", explicou o embaixador Rubens Barbosa, que preside o conselho do comércio exterior da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo).
A superintendente de Comércio Exterior do BNDES, Luciane Machado, disse que o objetivo é "apoiar a estratégia de internacionalização das empresas brasileiras na região."
Luciane  afirmou que os negócios que sustentam o banco são feitos respeitando "as soberanias locais e os processos eleitorais dos respectivos governos".
Mas obviamente que uma maior inserção das empresas brasileiras em outros países da latino americanos pode dar mais visibilidade ao Brasil.
"Agora, não estou de acordo com a ideia de que façamos essas operações para conquistar esse tipo de resultado."
Chineses
É válido ressaltar que o financiamento do BNDES para exportar bens e serviços brasileiros se realiza a taxas de interesse que a grande maioria enxerga como diferenciadas, para dar mais competitividade às empresas brasileiras.
No entanto, a superintendente da instituição também rechaça essa afirmação, argumentando que "os interesses que cobra o banco se baseiam na taxa Libor" e são ajustados de acordo com o risco da operação.
"Em alguns casos podem chegar a 7% e em outros podem ser mais, não é uma taxa fixa."
Um argumento do BNDES é que seu apoio permite às empresas brasileiras competir em licitações com outras multinacionais que também têm respaldo de seus respectivos países.
"Se o Brasil não for capaz de financiar por meio do BNDES as exportações de bens e serviços, os chineses certamente vão fazer isso. Os espanhóis fizeram isso por muito tempo" e "os americanos tradicionalmente com o banco Ex-im", disse Machado.
O apoio do banco brasileiro costuma significar uma vantagem comparativa para as companhias nacionais frente a outras de países latinoamericanos que precisam de instrumentos similares.
'Imagem expansionista'
"É lamentável que outros países não tenham um instituto como o BNDES, que é uma importante maneira de alavancar as empresas brasileiras”, afirmou o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso em entrevista à BBC.
"Institucionalmente, o Brasil se programou melhor que os outros países para isso.'
Ademais há questionamentos sobre o fato do Estado brasileiro promover empresas privadas do país no exterior.
O ex-presidente boliviano Carlos Mesa disse, em julho, que esse "casamento" privado-estatal brasileiro “é perigoso e cria uma imagem expansionista”, de acordo com uma reportagem do jornal Valor Econômico.
O BNDES foi criado em 1952 para apoiar o desenvolvimento do Brasil, mas seus financiamentos a obras de infraestrutura da região são bastante recentes.
Trampolim
A expansão destes empréstimos ocorreu principalmente durante os governos do PT, primeiro com Lula e agora com Dilma Rousseff.
O BNDES possui hoje uma carteira de US$ 17,2 bilhões para o financiamento de obras de infraestrutura na América Latina.
Esse capital tem servido como trampolim para o crescimento no exterior de empresas nacionais como a Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão e Odebrecht.
O banco brasileiro  financia projetos em toda a América Latina, que vão desde gasodutos na Argentina até portos no Pacífico. Além de apoiar empresas brasileiras em Cuba e na República Dominicana e até no continente africano.
Aragão, da Arko Advice, afirma que um requisito básico do BNDES para apoiar projetos é a viabilidade financeira dos mesmos, mas a estratégia por trás é sobretudo geopolítica.
"O interesse número um do Brasil é se colocar como o país mais influente da região e fazer com que os vizinhos reconheçam o Brasil com um instrumento de desenvolvimento regional. E o BNDES é o instrumento perfeito para isso.

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